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Fala turma, o assunto de hoje é o esperado, um momento histórico, doloroso sim, mas histórico para o mercado financeiro. Não teve jeito, mesmo com intervenção de bancos centrais pelo mundo, ontem foi a vez do Brasil, o Circuit Breaker chegou por aqui.
Há muitas teorias de que o ambiente que se formou em 2020, que culminou com a a morte do general iraniano Qasem Soleimani, passando pelo coronavírus e finalizando agora no domingo, com a (1)guerra do petróleo entre os árabes e os russos foram os cisne negros, ou seja, acontecimentos improváveis que foram incapazes de serem previstos. Mas será que esses eventos não previstos, não poderiam ter tido um impacto menor economia global se os (2)fundamentos econômicos promovidos por bancos centrais através políticas monetárias, não tivessem sido melhor arranjados?
E porque ativos como (3)Bitcoin foram impactados também, afinal, muitos analistas afirmam que ele não tem relação com os mercados tradicionais?
Citação do dia:
"O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar."
Roberto Campos
Arábia Saudita e Rússia e a guerra do petróleo
Dois dos maiores produtores de petróleo no mundo foram responsáveis pela queda que chegou a quase 30% na abertura do mercado asiático. Foi um gatilho para o Circuit Breaker por aqui, o que é de assustar é que não se via um retrocesso desses desde a guerra do Golfo pelos idos anos de 1991.
Para resumir a ópera, os árabes querem produzir mais petróleo, enquanto que os russos são contra, alegando que o aumento na produção beneficiaria o petróleo americano. Mas se formos um pouco mais a fundo, descobrimos o conflito de interesse entre russos e árabes.
Desde 2014 o petróleo vem diminuindo de preço e para controlar essa queda, um grupo chamado de Opep+ decidiu reduzir a produção de petróleo no mundo, fazendo o barril aumentar de preço. Acontece que, mesmo com a diminuição e devido principalmente ao coronavírus, o mundo deu uma desacelerada e houve uma diminuição de consumo do petróleo, isso fez o petróleo cair de preço novamente.
Não satisfeito com a queda, os árabes propuseram a Opep mais diminuição na produção de petróleo com o propósito de aumentar os preços no mercado. Os russos foram contra, pois queriam aguardar um pouco para entender o panorama do coronavírus no mundo. Em retaliação a essa atitude, os sauditas declararam o aumento na produção que pode sair de 9,7 milhões de barris/dia para 11 milhões, um substancial aumento.
Além da queda que é natural devido ao aumento de produção, os árabes estão dando um golpe duro nos russos e oferecendo petróleo com desconto de US $8 o barril no noroeste europeu, um mercado chave para os país da vodka. Não bastando, o desconto ainda chegou aos asiáticos em torno de US $4 a US $6 e aos americanos a US $8.
Onde esse conflito vai para, não sabemos, mas que foi um gatilho no circuit Breaker de ontem e atingiu a Petro, isso atingiu.
Fundamentos econômicos mundiais e o Cisne Negro de Taleb
O conceito de Cisne Negro pregado por Nassim Taleb no livro, a Lógica do Cisne Negro é simples, é um acontecimento improvável e que, depois do ocorrido, as pessoas procuram fazer com que ele pareça mais previsível do que ele realmente era.
Um exemplo clássico disso foi o 11 de setembro, que chocou o mundo e muitos analistas disseram, após o ocorrido que estava fácil de prever. A questão agora parece ser realmente diferente.
Não que o coronavírus ou mesmo o atual conflito do petróleo não seja um Cisne Negro, a questão aqui é que muitas pessoas e analistas de mercado estão querendo relacionar esses fatos como sendo os verdadeiros Cisne Negro do Circuit Breaker, sem se atentar aos sinais enviados pela falta de fundamentos econômicos da economia global.
Alguns analistas vinham atentando isso há um bom tempo, inclusive nós, por aqui no final do ano passado (a newsletter iniciou em dezembro). No Brasil, pessoas como Fernando Ulrich vem levantando essa bola há pelo menos um ano, se você quer entender um pouco mais desses fundamentos, aconselho você assistir os vídeos do Ulrich. Caso você não tenha tempo de assistir a todos sobre essa crise, abaixo segue o vídeo que me abriu os olhos há uns nove meses atrás, onde Ulrich fala sobre a chegada da maior crise financeira.
E o impacto no Bitcoin?
Como qualquer ativo do mercado financeiro, mesmo sem regulamentação, descentralizado e sem seus fundamentos estarem baseados em políticas monetárias a mercê dos governos, o Bitcoin também sentiu o impacto. Os cripto ativos não vivem isolado em um ilha deserta e em momentos de apreensão dos mercados, onde os investidores percebem que estão em uma crise, há a tendência natural a procurar ativos com maior liquidez e/ou de proteção tradicionais como o ouro. Outro fator que impacta é que o Bitcoin ainda não passou pelo batizado de fogo de uma crise financeira global e, por isso, os investidores acreditam que o mesmo não tem fundamentos para aguentar a pancada.
A única certeza é que ninguém sabe ao certo, mas se pudesse apostar eu iria(vou) contra as políticas monetária governamentais nesses momentos. Analisando o que bancos centrais fizeram ao redor do mundo, você deveria estar preocupado mais com a moeda de curso forçado lastreado apenas na credibilidade de políticos, ao invés de um ativo descentralizado.
Por outro lado, há sempre os scams no mercado e no de criptomoedas não seria diferente, a população por não conhecer do Bitcoin acabam entrando em roubadas homéricas. A mais recente envolve a chine PlusToken e o pior é que seus proprietários transferiram cerca de US $117mi no últimos dias através de um “dispositivo‘ chamado de mixer, que nada mais é um embaralhador doos números da chave pública, impedindo a rastreabilidade do dinheiro. Em BTC, estamos falando 13k transferidos para exchanges e a PlusToken é reconhecidamente um pirâmide. Tudo indica que a queda dos últimos dias está ligado a vendas desse ativo nas corretoras.